Tragédia na Escola Estadual Sapopemba: Jovem de 16 anos recebe incentivo online antes de ataque fatal

Na última segunda-feira, um terrível ataque na Escola Estadual Sapopemba, em São Paulo, chocou o país. Um jovem de 16 anos, cujo nome não foi divulgado pelas autoridades, resultou na morte de uma estudante, Giovanna Bezerra da Silva, de 17 anos, e deixou duas outras alunas feridas.

De acordo com informações obtidas pelo portal Metrópoles, o adolescente recebeu incentivo e instruções para o ataque por membros de um grupo no Discord, uma popular plataforma de comunicação usada por jovens para conversas em texto, voz e vídeo. Trocas de mensagens mostram que o agressor discutiu detalhes sobre seus planos, que ele chamou de “missão”, e explorou a melhor maneira de filmar e transmitir o ataque pelo servidor.

As mensagens, trocadas pouco antes do tiroteio, revelam uma perturbadora conversa entre o jovem e os membros do grupo. Neles, o agressor compartilhou fotos da escola, buscando orientações sobre como executar o crime. O grupo discutiu a localização planejada para o atentado e questionou se haveria uma transmissão ao vivo da ação criminosa pela plataforma Discord.

2h50 – Integrante – “[Vai ser] em qual bairro?”
2h50 – Adolescente – “Sapopemba”
2h50 – Integrante – “Brabo. […] Vai fazer em call?”
2h50 – Adolescente – “Sim”
2h51 – Integrante – “Que servidor?”
2h51 – Adolescente – “Naquele lá que agente tá conversando eu já combinei de fazer lá
Já ta marcado”
2h51 – Integrante – “Caralho…Vai ser foda então. Estava há um tempo sem coisas interessantes em panela”

2h52 – Adolescente – “Vai ser um bem melhor que o daquele mlk lá”
2h52 – Integrante – “Qual?”
2h52 – Adolescente – “Da faca, sabe?”
2h52 – Integrante – “Ah, sim Aquela criança mongoloide”

2h55 – Integrante – “Testa em colocar o celular na sua máscara”
2h55 – Adolescente – “Hmm vou ver dps no espelho aqui de casa. […] Mas sla acho q n vai dar bom isso não. Mas vou testar”
2h56 – Integrante – “Ou pega uma fita. E dps de conectar na call”
2h56 – Adolescente – “N quero q a call atrapalhe a minha missão. Mas vou dar um jeito de fazer”
2h57 – Integrante – “Vai ser massa se conseguir”
3h01 – Adolescente – “Eu vou”
3h01 – Integrante – “Vou ficar acordado então”

No momento do ataque, por volta das 7h30min, o jovem saiu da sala de aula no segundo andar da escola e se dirigiu ao banheiro, onde vestiu uma máscara de caveira. Ele ativou a câmera para exibir seu rosto mascarado e a arma que empunhava, porém, interrompeu a filmagem antes de disparar um tiro fatal à queima-roupa na cabeça de Giovanna. A estudante não tinha qualquer ligação próxima com o agressor, segundo informações policiais.

Após o tiroteio, os membros do grupo demonstraram preocupação com a possibilidade de serem rastreados pelas autoridades, discutindo medidas como a formatação de seus celulares, a desativação de suas contas no Discord e até mesmo a desativação de suas localizações.

O Discord, apesar de suas diretrizes contra conteúdo violento, declarou sua disposição de cooperar com as autoridades locais para garantir um ambiente seguro para seus usuários no Brasil.

Além das mensagens perturbadoras, surgiram relatos de que o autor do tiroteio havia ameaçado “matar todo mundo na escola” na semana anterior ao ataque. Estudantes afirmam que ele era vítima de bullying e agressões na escola, o que foi confirmado por um vídeo compartilhado no grupo do Discord, mostrando-o sendo agredido em sala de aula em junho. Em abril, a mãe do adolescente registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal e ameaça contra o filho. O secretário estadual de Educação afirmou que a pasta não tinha conhecimento das ameaças feitas pelo agressor antes do ataque. A investigação policial continua para determinar o envolvimento de terceiros no incidente.