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PF liga Bolsonaro a esquema para desviar mais de R$ 25 milhões
A Polícia Federal (PF) concluiu em uma investigação que o ex-presidente Jair Bolsonaro esteve envolvido no desvio ou na tentativa de desvio de mais de R$ 25 milhões em presentes, como esculturas, joias e relógios, recebidos de países estrangeiros durante seu mandato. O relatório da investigação aponta a existência de uma associação criminosa dedicada ao desvio e venda de objetos de valor recebidos por Bolsonaro como presentes oficiais.
De acordo com o relatório da PF, os valores obtidos das vendas desses presentes eram convertidos em dinheiro em espécie e integrados ao patrimônio pessoal do ex-presidente, sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores.
Bolsonaro e mais 11 pessoas foram indiciadas na semana passada pelos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O relatório, que tem 476 páginas, foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira, 5 de julho. Nesta segunda-feira, 8 de julho, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, derrubou o sigilo do relatório e encaminhou o processo para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se arquiva o caso, denuncia os indiciados ou solicita novas provas.
O relatório, assinado pelo delegado Fábio Shor, afirma que a investigação revelou a atuação de uma associação criminosa voltada para o desvio de presentes de alto valor recebidos por Bolsonaro e por comitivas do governo brasileiro em viagens internacionais, entregues por autoridades estrangeiras. O objetivo era vender esses bens no exterior. Segundo o documento, o valor total dos bens desviados é de US$ 4.550.015,06, ou R$ 25.298.083,73. Parte desse dinheiro pode ter sido utilizada para custear a estadia de Bolsonaro nos Estados Unidos, para onde ele foi um dia antes de deixar a Presidência e onde permaneceu por mais de três meses.
Em março de 2023, após a venda de presentes oficiais ser noticiada pela imprensa, foi organizada uma nova operação para recuperar itens já vendidos no mercado. A PF concluiu que o objetivo era “escamotear a localização e movimentação dos bens desviados do acervo público brasileiro e tornar seguro, mediante ocultação da localização e propriedade, os proventos obtidos com a venda de parte dos bens desviados”. O relatório indica que os proventos obtidos com a venda ilícita das joias retornaram, em espécie, para o patrimônio de Bolsonaro e possivelmente foram usados para custear despesas em dólar enquanto ele e sua família estavam nos Estados Unidos.
As investigações contaram com a colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fechou um acordo de colaboração premiada. O pai de Mauro Cid, general do Exército Mauro Lorena Cid, também está envolvido e teria intermediado o repasse de US$ 68 mil em espécie ao ex-presidente. O dinheiro foi recebido na conta bancária do general após a venda de relógios Patek Philippe e Rolex, enquanto trabalhava no escritório da Apex em Miami.
Nos autos, foram anexadas outras provas, como comprovantes de saques bancários no Brasil e nos EUA e planilhas mantidas pelo assessor Marcelo Câmara, responsável pela contabilidade pessoal de Bolsonaro.
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