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Lula diz que não é obrigado a cumprir meta ‘se tiver coisas mais importantes para fazer’
BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não considera uma obrigação estabelecer e cumprir a meta fiscal do país caso outras prioridades sejam “mais importantes”. Em entrevista à Record nesta terça-feira (16), o presidente destacou, no entanto, que fará o “necessário” para seguir o arcabouço fiscal.
“Você não é obrigado a estabelecer uma meta e cumpri-la se tiver coisas mais importantes para fazer. Este país é muito grande, muito poderoso. O que é pequeno é a cabeça dos dirigentes desse país e a cabeça de alguns especuladores”, disse Lula.
O presidente minimizou a importância do déficit fiscal, afirmando que o essencial é o crescimento do país: “Este país não tem nenhum problema se o déficit é zero, 0,1% ou 0,2%. O que importa é que o país esteja crescendo, que a economia esteja crescendo, que o emprego esteja crescendo e que o salário esteja crescendo.”
Apesar disso, Lula reafirmou o compromisso de seu governo com o cumprimento do arcabouço fiscal, que prevê déficit zero: “Vamos fazer o que for necessário para cumprir o arcabouço fiscal. Eu dizia na campanha que íamos criar um país com estabilidade política, jurídica, fiscal, econômica e social.”
O presidente também mencionou a necessidade de ser convencido quanto a cortes de gastos e criticou a alta taxa de juros no Brasil. “Tenho que estar convencido se há necessidade ou não de cortar.”
Lula ressaltou que a meta de déficit zero não foi descartada e destacou sua experiência administrativa bem-sucedida: “Às vezes fico irritado porque não sou marinheiro de primeira viagem. Sou o presidente da República mais longevo deste país depois de Getúlio Vargas e Dom Pedro II”.
Lula autoriza corte de R$ 25,9 bilhões e enfrenta reações
No início deste mês, o presidente Lula determinou o cumprimento do arcabouço fiscal. Além disso, conforme o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Lula autorizou um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias.
Segundo Haddad, essa redução de despesas abrange diversos programas ministeriais, com um pente-fino para equilibrar as contas públicas de 2025. Contudo, o ministro não detalhou de que forma esses cortes seriam realizados.
Recentemente, o governo tem enfrentado uma onda de críticas e reações devido ao aumento da cotação do dólar. A questão cambial reflete a incerteza do mercado em relação à política fiscal adotada pelo governo federal.
Além disso, não faz muito tempo que o presidente Lula voltou a intensificar suas críticas ao mercado e à atuação de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), especialmente após a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 10,5% ao ano, conforme decidido na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
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