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Empresa de suplementos é alvo da polícia de SP por suspeita de adulteração

Uma operação da Polícia Civil de São Paulo resultou na apreensão de cerca de 30 toneladas de creatina em dois endereços ligados ao Grupo Soldiers, uma das maiores empresas de suplementos alimentares do Brasil. A ação, realizada no início deste mês, investiga possíveis irregularidades na produção e comercialização dos produtos, amplamente vendidos em plataformas como Mercado Livre.

Os locais lacrados incluíam um centro de distribuição na zona leste da capital paulista e uma unidade de manipulação e envasamento em Jundiaí, interior do estado. Ambos foram interditados pela Vigilância Sanitária devido à falta de licenças necessárias para operação.

Irregularidades e falta de rastreabilidade

De acordo com a polícia, o centro de distribuição operava irregularmente em um galpão originalmente destinado ao armazenamento de móveis. Já a unidade de Jundiaí, sem licença sanitária, não constava nos rótulos dos produtos da marca, o que contraria exigências legais.

A investigação também revelou possíveis práticas inadequadas no manuseio da creatina. Relatórios policiais apontam precariedade nas técnicas usadas pela empresa para lidar com o produto, incluindo o uso de ferramentas improvisadas como martelos e chaves para quebrar creatina empedrada. Imagens obtidas mostram o material sendo manipulado em caixas plásticas no chão, expondo-o a riscos de contaminação física e química.

Conversas interceptadas em celulares de funcionários revelaram reclamações de consumidores sobre a presença de larvas, fios de cabelo e pedaços de luvas nos produtos. Além disso, a polícia destacou falhas na rastreabilidade dos suplementos, dificultando ações de fiscalização e controle sanitário.

Rede clandestina e investigação em andamento

Os endereços lacrados foram descobertos por meio de documentos apreendidos, que indicaram uma rede não declarada de prestadores de serviço ligados ao grupo. A polícia investiga falsidade ideológica e crimes contra as relações de consumo.

Resposta do Grupo Soldiers

Em nota, o Grupo Soldiers afirmou que a investigação policial carece de justificativa plausível e que os locais interditados pertencem a prestadores de serviço, sem vínculo societário com a empresa. A Soldiers ressaltou que sua fábrica principal foi recentemente vistoriada e continua funcionando normalmente.

A empresa também informou que todos os produtos estão disponíveis para perícia e que confia na qualidade de sua produção, enquanto toma medidas cabíveis em relação aos parceiros terceirizados envolvidos.

Impacto no mercado

Com um faturamento estimado de R$ 250 milhões em 2023, o Grupo Soldiers é liderado pelos empresários Yuri Silveira de Abreu e Fabiula de Arruda Freire, conhecidos como “rei” e “rainha” da creatina. A marca está entre as aprovadas pela Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri), mas as investigações levantam dúvidas sobre o controle de qualidade e práticas de rastreabilidade.

Plataformas de vendas como Mercado Livre foram notificadas sobre as irregularidades. Em nota, o site informou que anúncios fora das normas legais são excluídos e os vendedores responsáveis, penalizados.

A investigação, conduzida pela 3ª Delegacia de Investigações Gerais do Deic, é desdobramento de uma operação anterior contra a comercialização de produtos com validade vencida. As apurações continuam, e a polícia busca esclarecer se houve danos à saúde pública causados pelos suplementos.

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