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Cirurgião-dentista de BH é indiciado por morte e erros em procedimentos estéticos e pode ficar 104 anos preso
Um cirurgião-dentista está sendo investigado pela Polícia Civil por diversas acusações graves, incluindo nove casos de lesão corporal, homicídio doloso (quando há intenção de matar) e uma violação sexual. Como resultado das investigações, ele foi proibido de exercer atividades profissionais. Durante uma busca em sua residência, foram encontrados anestésicos de uso exclusivo em ambientes hospitalares — incluindo o mesmo tipo de substância que causou a morte de Michael Jackson — além de carimbos e blocos de receitas médicas, supostamente furtados, usados para prescrição de medicamentos. As informações foram divulgadas pela Polícia Civil em uma coletiva nesta sexta-feira (23).
De acordo com a corporação, pelo menos nove vítimas sofreram lesões corporais devido à negligência do dentista, variando de leves a gravíssimas. Algumas das pacientes ficaram com partes do rosto paralisadas, além de complicações nos olhos, boca e mandíbula.
Uma das vítimas, uma mulher de 63 anos, faleceu no dia 13 de abril após realizar vários procedimentos estéticos no rosto, incluindo retoques na sobrancelha, bochecha, olhos e nariz. Segundo os investigadores, foi encontrado no corpo da vítima o anestésico propofol, que deveria ser administrado apenas por anestesiologistas. A parada cardiorrespiratória que a vítima sofreu teria sido provocada pela administração inadequada do anestésico durante o procedimento no consultório, que deveria ter sido realizado em um ambiente hospitalar. Após ser reanimada com adrenalina, a mulher foi liberada para casa sem explicações, mas faleceu após uma segunda parada cardiorrespiratória e ser internada.
“Ele sabia que não poderia realizar procedimentos estéticos, pois já tinha sido negado duas vezes pelo Conselho Federal, mas continuou a fazê-los nas pacientes. Até a enfermeira dele afirmou que a vítima teve uma parada cardiorrespiratória, e tiveram que usar adrenalina para reanimá-la”, explicou a delegada responsável pela investigação, Andrea Pochmann.
No ano passado, o dentista tentou, sem sucesso, anular uma decisão do Conselho Federal de Odontologia (CFO) que impedia dentistas de realizarem procedimentos estéticos. Apesar de duas instâncias terem negado seu pedido, ele continuou a se promover e a realizar esses procedimentos.
Durante o período de liminar, conselheiros do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG) teriam permitido que bucomaxilofaciais (especialistas em intervenções cirúrgicas na boca, maxilar, pescoço e nariz) executassem procedimentos estéticos faciais. Isso fez com que profissionais de outros estados viessem atuar em Minas Gerais, contrariando as determinações do órgão federal. No entanto, a Polícia Civil entendeu que a liminar federal tinha maior peso legal. Como consequência, alguns conselheiros de Minas foram substituídos e não poderão reassumir seus cargos por terem sido omissos diante das ações do cirurgião-dentista. Novos conselheiros foram nomeados para exercer suas funções por 180 dias até uma nova votação interna.
O dentista enfrenta acusações de homicídio doloso qualificado, lesão corporal, que pode variar de leve a gravíssima, e exercício ilegal da odontologia. Se condenado, ele pode receber uma pena de prisão que varia entre 24 anos e seis meses a 104 anos. Além disso, uma denúncia de violação sexual, feita por uma das vítimas, está sendo investigada pela Delegacia da Mulher.
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