BRASÍLIA – A rede X (anteriormente conhecida como Twitter) enfrenta desafios em diversos países, incluindo democracias, autocracias e ditaduras, além do Brasil, onde corre o risco de ser suspensa por descumprimento de uma ordem judicial.
Em alguns países, a plataforma acata as decisões judiciais e segue as leis locais sem qualquer intervenção de seu proprietário, o bilionário Elon Musk. Em outros casos, como no Brasil, Musk adota uma postura de confronto, defendendo a liberdade de expressão.
Veja abaixo alguns dos países onde há ou houve entraves do X com autoridades e como tem reagido Musk:
Índia
Em janeiro de 2023, a plataforma X removeu conteúdos relacionados a um documentário da BBC que retrata a repressão contra a minoria muçulmana no estado de Gujarat, na época em que Narendra Modi, atual primeiro-ministro, governava a região. Mais de 1.000 pessoas foram assassinadas durante esse período. Elon Musk, em entrevista à BBC, afirmou desconhecer o caso específico e ressaltou que as leis indianas sobre o que pode ser veiculado nas mídias sociais são bastante rígidas, o que obriga a plataforma a seguir as normas locais.
Turquia
A rede X tem removido conteúdos e perfis a pedido das autoridades turcas. Em maio de 2023, por exemplo, a plataforma suspendeu perfis e conteúdos em resposta a ordens judiciais, pouco antes das eleições presidenciais que reelegeram Recep Tayyip Erdogan. Musk, ao ser questionado sobre o caso, justificou a ação como uma escolha entre restringir totalmente o acesso ao Twitter ou limitar o acesso a alguns tweets.
Austrália
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, chamou Musk de “bilionário arrogante” após a rede X se recusar a acatar decisões judiciais que ordenavam a remoção de conteúdos violentos e extremistas. Entre os conteúdos estava um vídeo de um atentado a faca contra um bispo, que estava sendo usado para incitar ódio e violência. Musk respondeu, alegando que o comissário de censura australiano estava exigindo proibições globais de conteúdo.
Grã-Bretanha
A rede X foi acusada de impulsionar conteúdos anti-imigrantes, o que teria contribuído para a violência da extrema-direita no país. Após ataques de grupos de extrema-direita a casas e lojas de imigrantes, alimentados por notícias falsas, Musk comentou que uma “guerra civil é inevitável” na Grã-Bretanha. Suas declarações foram criticadas pelo ministro da Justiça, Heidi Alexander, reacendendo o debate sobre a regulamentação das plataformas digitais.
Estados Unidos
Em dezembro de 2022, dois meses após comprar o Twitter, Musk promoveu uma onda de suspensões na plataforma, que incluiu contas de jornalistas de veículos como CNN, The New York Times e The Washington Post. O motivo alegado foi a divulgação de informações privadas sobre Musk, embora o endereço dele não tenha sido compartilhado. Após intensa pressão, Musk restabeleceu as contas dos jornalistas.
Delaware (EUA)
Musk travava uma batalha com o Estado de Delaware, onde algumas de suas empresas, como Neuralink e SpaceX, estavam registradas. Em janeiro de 2022, ele aconselhou publicamente que empresas evitassem se registrar no Estado, após uma juíza anular um pacote salarial de US$ 56 bilhões que ele receberia da Tesla. Desde então, Musk iniciou uma campanha para que outras empresas também evitem o registro em Delaware.
União Europeia
A rede X entrou em conflito com a Comissão Europeia após a adoção de novas leis para regular grandes plataformas digitais. Em dezembro de 2023, a primeira investigação baseada na Lei de Serviços Digitais (DSA) foi aberta contra a X, por falta de transparência e disseminação de desinformação. A Comissão Europeia emitiu um relatório preliminar acusando a plataforma de violar as leis locais, ao que Musk respondeu acusando o órgão de tentar um acordo secreto ilegal para censurar conteúdo.
Ucrânia
Em outubro de 2022, Musk propôs um “plano de paz” para o conflito entre Ucrânia e Rússia, através de uma enquete na plataforma. A proposta incluía refazer eleições em regiões anexadas pela Rússia e manter a Crimeia sob controle russo. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reagiu com uma enquete própria, perguntando aos seguidores qual versão de Musk eles preferiam: a que apoia a Ucrânia ou a que apoia a Rússia.
Bolívia
Em 2020, Musk admitiu em um tweet que ele e os EUA poderiam apoiar golpes de Estado em qualquer país para proteger seus interesses econômicos. Ele afirmou ter apoiado a derrubada do governo de Evo Morales na Bolívia para garantir o suprimento de lítio, usado nas baterias dos carros elétricos da Tesla. Após a prisão de Jeanine Añez, que assumiu o governo boliviano após o golpe, o comentário de Musk foi amplamente criticado.