Áudios atribuídos ao general Mario Fernandes, ex-assessor da Secretaria-Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro, indicam sua intenção de envolver as Forças Armadas em um plano de golpe de Estado em 2022. A Polícia Federal (PF) incluiu os áudios em um inquérito concluído na última semana, que resultou no indiciamento de 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Bolsonaro.
Parte dos diálogos, obtida pelo programa Fantástico neste domingo (24), inclui 55 gravações de militares de alta patente discutindo ações antidemocráticas. Em um dos áudios, Fernandes relatou uma conversa com Bolsonaro sobre a diplomação de Lula e Geraldo Alckmin em 12 de dezembro de 2022, sugerindo que ações golpistas poderiam ocorrer antes do término do mandato presidencial.
Conexões com atos violentos
Após a diplomação de Lula, apoiadores de Bolsonaro protagonizaram atos de vandalismo em Brasília, incluindo tentativas de invasão à Polícia Federal e depredação de veículos. Segundo a PF, o general Fernandes comemorou os atos em áudios, dizendo que “vai rolar sangue”. A investigação revelou que ele mantinha comunicação frequente com grupos que pediam intervenção militar, fomentando o discurso golpista.
Planejamento detalhado
De acordo com a PF, o plano, chamado Punhal Verde e Amarelo, incluía assassinatos de líderes como Lula, Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, além de ataques com armas e explosivos. Fernandes e outros militares discutiram a necessidade de “ações enérgicas” e admitiram a possibilidade de “quebrar ovos” para alcançar seus objetivos.
Presos na Operação Contragolpe
Mário Fernandes foi preso na Operação Contragolpe, realizada na última semana. Ele é um dos quatro oficiais do Exército detidos, além de um agente da PF, sob acusação de coordenar núcleos operacionais para a execução do plano golpista. A PF identificou divisões de tarefas entre os envolvidos, incluindo incitação militar, desinformação e apoio logístico.
Processo judicial e implicações
Os 37 indiciados foram acusados de crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e formação de organização criminosa. Se condenados, podem enfrentar penas que somam até 30 anos de prisão. O inquérito, com 884 páginas, foi enviado ao STF, e a Procuradoria Geral da República deve decidir se apresentará denúncias ou solicitará novas investigações.
O caso, emblemático das tensões políticas recentes no Brasil, deve ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal entre junho e julho de 2025.