O presidente do Chile, Gabriel Boric, fez uma crítica velada ao governo brasileiro nesta terça-feira (24), ao condenar “posturas vacilantes e hesitantes” em relação a ditaduras, como a da Venezuela sob o governo de Nicolás Maduro. A declaração de Boric veio após o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, inicialmente considerar “normal” o resultado das eleições venezuelanas e solicitar a apresentação das atas antes de opinar sobre possíveis fraudes.
Durante o evento “Em Defesa da Democracia. Lutando Contra Extremismos”, realizado em Nova York e organizado por Lula e o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, Boric destacou que as forças progressistas perdem força quando, diante de certos conflitos, adotam posturas hesitantes ou priorizam interesses políticos em vez de princípios.
Boric também defendeu que governos progressistas devem adotar uma posição firme em relação à violação de direitos humanos, independentemente da ideologia do governante responsável. Ele afirmou que a defesa dos direitos humanos não deve variar “de acordo com a cor do ditador ou do presidente que a violar, seja [Benjamin] Netanyahu, em Israel, Maduro, na Venezuela, [Daniel] Ortega, na Nicarágua, ou Vladimir Putin, na Rússia”.
Gabriel Boric já havia se posicionado anteriormente contra a crise na Venezuela, onde Nicolás Maduro foi declarado reeleito em um pleito considerado fraudulento pela oposição e por entidades internacionais. Boric também condenou a investigação criminal contra os opositores Edmundo González e María Corina Machado, que lideram a resistência ao governo Maduro, e pediu respeito aos direitos humanos dos manifestantes e líderes oposicionistas.
Em um discurso durante um evento empresarial no Chile, Boric reiterou a importância da defesa irrestrita dos direitos humanos, enfatizando que essa defesa deve ser aplicada igualmente no Chile, no Brasil, e na Venezuela, especialmente nos momentos difíceis que o país venezuelano atravessa.