As Polícias Civil e Militar de Minas Gerais estão investigando a origem das ameaças feitas a membros da torcida organizada Mancha Alviverde, ligada ao Palmeiras, e a qualquer pessoa que use símbolos dessa torcida. As mensagens, que circularam em redes sociais e grupos de WhatsApp, surgiram após o ataque da Mancha Alviverde à torcida Máfia Azul, ocorrido no último domingo (27) na rodovia Fernão Dias, em Mairiporã (SP), que resultou em uma morte e 17 feridos.
Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) declarou estar monitorando a situação junto às forças de segurança estaduais e federais para evitar a repetição de episódios violentos no estado. A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), por sua vez, informou que já realiza o monitoramento das redes sociais para identificar potenciais conflitos entre torcidas.
As mensagens ameaçadoras, supostamente de torcidas organizadas de vários estados, acusam a Mancha Alviverde de violência e alertam que qualquer pessoa com itens dessa torcida será alvo. Em uma das ameaças, publicada logo após o confronto, o texto afirma: “Qualquer pessoa que defender essa torcida será vista como descartável. Enquanto houver alguém em nome dessa torcida, haverá retaliação”. Outros perfis de torcidas rivais também fizeram postagens, mencionando o próximo jogo entre Cruzeiro e Palmeiras, em dezembro, como um possível foco de conflitos.
Apesar das intimidações, as polícias afirmaram não ter registrado novos conflitos envolvendo a Mancha Alviverde em Minas Gerais. Porém, a tensão gerou receio entre torcedores. Anália Silveira, de 46 anos, afirmou que não pretende ir ao estádio Mineirão para o próximo jogo entre Cruzeiro e Palmeiras, temendo violência, enquanto Rodrigo Arruda, de 39 anos, disse que mesmo sendo torcedor do Cruzeiro prefere evitar áreas de risco no entorno do estádio.
Diante da situação, a Federação Mineira de Futebol (FMF) decidiu atender à recomendação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) de banir a Mancha Alviverde dos estádios do estado por dois anos. Assim, qualquer vestimenta, faixa, ou objeto que identifique a torcida ficará proibido.
Para o advogado Andrei Kampff, especialista em direito esportivo, o banimento da organizada é apenas parte da solução. Kampff sugere a criação de um sistema nacional de identificação para torcedores violentos e a adoção de reconhecimento facial nos estádios para impedir o acesso desses indivíduos. Ele defende que “bandidos uniformizados” não devem ter espaço nos eventos esportivos e que a segurança pública deve se unir aos clubes para criar uma lista de torcedores banidos, evitando que a violência continue nos estádios e nas ruas.