Polícia prende 4º investigado por laudos errados para transplantes

A Polícia Civil prendeu, nesta quarta-feira (16), Cleber de Oliveira dos Santos, técnico de laboratório e último foragido em um caso que envolve a emissão de laudos errados que resultaram no transplante de órgãos infectados com HIV para seis pacientes no Rio de Janeiro. A prisão foi realizada como parte da operação iniciada na segunda-feira (14), que cumpriu todos os mandados emitidos a partir das investigações.

Além de Santos, outros envolvidos na fraude já haviam sido detidos: Walter Vieira, sócio do laboratório PCS Lab Saleme; Ivanilson Fernandes dos Santos, outro técnico da instituição; e Jacqueline Iris Bacellar de Assis, funcionária do laboratório.

Os laudos falsos, que atestavam que dois doadores eram negativos para HIV, foram assinados pelo laboratório responsável pelos testes antes da destinação dos órgãos para transplante. Como resultado, seis pacientes foram infectados com o vírus.

Após a confirmação das infecções, a Vigilância Sanitária local interditou o PCS Lab Saleme, sob orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), até a conclusão das investigações, que visam garantir a segurança dos transplantes. Novos exames pré-transplante estão sendo realizados no Hemorio.

A Agência Brasil tentou contatar a defesa de Cleber de Oliveira dos Santos e está disponível para incluir seu posicionamento.

Caso sem precedentes

Considerado grave pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) e pelo Ministério da Saúde, o caso está sendo investigado pela Anvisa, pelas vigilâncias sanitárias estadual e municipal e pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

O laboratório em questão mantinha pelo menos três contratos com a Fundação Saúde, responsável pela gestão das unidades da rede estadual. Entre os sócios do laboratório estão familiares do deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ), que foi secretário estadual de Saúde de janeiro a setembro de 2023. Em nota divulgada por sua assessoria na última sexta-feira (11), o parlamentar afirmou que não participou da escolha desse ou de qualquer laboratório durante seu mandato.