Em uma ação integrada em âmbito nacional para combater crimes de ódio e subjugação virtual de adolescentes, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) cumpriu mandados de busca e apreensão pessoal e domiciliar em Belo Horizonte e na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), nesta quinta-feira (19/12). Durante a operação Banhammer, foram apreendidos dispositivos eletrônicos e uma adolescente de 15 anos foi detida. A operação foi coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e envolveu policiais civis de várias unidades estaduais.
A operação visou combater crimes relacionados à dignidade sexual e à indução de automutilação de crianças e adolescentes praticados na internet. A ação resultou no cumprimento de mandados de busca e apreensão domiciliar, apreensão de adolescentes infratores e prisão de um suspeito em diversas cidades brasileiras. Ao todo, 12 alvos foram identificados, com dois deles em Minas Gerais. Além de Belo Horizonte, a operação também envolveu ações em Ribeirão das Neves, na RMBH.
Banhammer
A operação Banhammer teve como principal objetivo desarticular grupos que utilizam plataformas digitais, como o Discord, para promover práticas autodestrutivas, incluindo a automutilação e a instigação ao suicídio, além de coagir adolescentes a compartilhar conteúdos íntimos e participar de esquemas de “escravização virtual”. A operação também visou identificar planejamentos de ataques a instituições escolares. O nome “Banhammer” faz referência à ação definitiva de banimento desses indivíduos de ambientes digitais, como servidores, jogos online e plataformas de comunicação.
Apreensões em Minas
Em Belo Horizonte, os mandados de busca e apreensão foram cumpridos pela equipe da Delegacia Especializada em Apuração de Ato Infracional (Deai) no bairro Floresta, na região Centro-Sul da capital. O alvo da operação, uma adolescente de 15 anos, foi apreendida por ato infracional análogo a crimes de ódio e subjugação virtual de adolescentes. Durante a ação, foram apreendidos dois aparelhos celulares.
A delegada Carolina Máximo, da Deai, destacou que as investigações foram conduzidas por meio de uma quebra de sigilo, permitindo identificar com precisão o envolvimento da adolescente. “Através da colaboração dos próprios usuários cadastrados no Discord, conseguimos rastrear o envolvimento dessa adolescente, que confirmou ser administradora do grupo. Ela também admitiu ter assistido a rituais de escravização virtual, automutilação e discursos de ódio contra minorias”, explicou.
Na RMBH, a operação se estendeu a Ribeirão das Neves, onde a equipe da Delegacia de Polícia Civil local, com apoio da Delegacia Regional, cumpriu o mandado de busca e apreensão domiciliar na residência de um adolescente de 13 anos. Durante a operação, foram apreendidos dispositivos eletrônicos. O delegado Bruno Testa, titular da 2ª Delegacia de Ribeirão das Neves, ressaltou que o adolescente é tanto vítima quanto infrator. “Além de participar da indução e instigação ao suicídio e automutilação, ele também se automutilou. A investigação agora se concentrará em apurar quem é o responsável por esse ato contra ele”, explicou.
Próximos passos
Todo o material apreendido durante a operação será submetido à análise pericial para identificar outros envolvidos e aprofundar as investigações em andamento. A Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) do Distrito Federal iniciou as investigações, com o apoio do Laboratório de Operações Cibernéticas (DIOPI/SENASP/MJSP), e a colaboração das polícias civis de outros estados, como São Paulo, Rondônia, Distrito Federal, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Minas Gerais.
Os crimes investigados incluem induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou automutilação, apologia ao crime ou criminoso, associação criminosa, além de estupro de vulnerável praticado no meio virtual.