O etanol subiu 17% em MG em menos de um mês

Além de pagar mais caro na gasolina desde a semana passada, os motoristas também desembolsam mais dinheiro para abastecer com etanol em Minas Gerais. Pressionado com as altas do diesel em função da elevação no valor do petróleo no mercado internacional após o início da guerra na Ucrânia, o combustível que deriva da cana já está com alta acumulada de 17% desde 24 de fevereiro, quando o conflito se iniciou. A estimativa é da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig). 

No dia 11 de março, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), calculou um reajuste de 8,2%, em relação ao preço praticado em 4 de março. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, quem vai aos postos de combustível também observa a mudança. Pesquisa divulgada nesta sexta-feira mostrou que o litro do etanol já tem preço médio de R$5,102, mas em alguns locais é vendido por R$5,39. 

O presidente da Siamig, Mário Campos, explicou que diferentemente da gasolina e diesel, a Petrobras não tem gerência sobre os preços do etanol. O repasse, conforme ele, foi feito por produtores que observaram alta de até 40% nos custos de produção desde 2021. O principal vilão é o diesel – reajustado em 25% no último dia 11. “É um insumo importante na produção porque a colheita é mecanizada, tem o transporte até as unidades industriais”, explica Campos. 

Ele lembrou que as usinas estão paralisadas, devido a entressafra da cana de açúcar, favorecendo o crescimento do preço do etanol e acompanhando os reajustes nos valores da gasolina. “Estamos trabalhando com estoque acumulado da produção do ano passado. Vamos iniciar uma nova safra da cana em abril com boas tendências, já que as condições climáticas em Minas Gerais estão contribuindo”, disse Mário. 

Para o presidente da Siamig, abastecer com etanol deverá ser mais vantajoso do que o uso da gasolina nos próximos meses, com preços atrativos aos motoristas. Na pesquisa feita pelo site Mercado Mineiro junto ao aplicativo comoferta.com, o valor do litro do derivado da cana equivale a 68% do preço da gasolina.  O levantamento mostra que o preço médio saiu de R$4,83, no início de março, para R$5,102 na Grande BH.

A elevação foi de 5,62%, que corresponde a R$0,27, no valor do etanol. A variação de preços encontrada chega a 9,40%. O menor valor registrado foi de R$4,935, enquanto o litro mais caro é comercializado a R$5,399, ressalta o economista do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu “Apesar do aumento, ainda é viável, mas poderia ser muito mais viável, mas obviamente a demanda está crescendo devido ao preço absurdo da gasolina na Região Metropolitana de Belo Horizonte ”, destacou.

Na gasolina, a pesquisa identificou uma alta de 7,60% desde a última semana. Há uma variação de 6,89% entre os valores na Grande BH. O menor custo é de R$7,39, enquanto o preço mais caro é de R$7,999. “O consumidor não precisa pesquisar, porque não vale a pena. Como o consumidor gasta combustível para pesquisar, ele tem de abastecer nos postos mais em conta onde está rodando”, aconselha Feliciano. 

Diesel tem maior alta 

O diesel foi o combustível que mais aumentou na região metropolitana, de acordo com a pesquisa do Mercado Mineiro. O custo médio do litro subiu 10,92%, saindo de R$6,02 para R$6,68. No entanto, a pesquisa neste caso é válida, já que a variação entre os preços é de 13,67%.Os motoristas pagam entre R$6,16 até R$6,999. “Isso corresponde a um aumento de R$0,66 por litro e isso pesa muito no transporte de mercadorias e vai chegar ao bolso do consumidor”, acrescenta Feliciano. 

A reportagem questionou o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) sobre os dados do levantamento. A entidade enviou nota e justificou que além do etanol, houve também alta de 3,8% no anidro, um dos componentes da gasolina, nas usinas produtoras. “Os dados mostram, portanto, que os reajustes dos preços dos combustíveis, claramente, não se tratam de incremento de margem dos revendedores, mas de outros elos da cadeia produtora de combustíveis”, explicou o Minaspetro, em nota.