Jorge Caiado, primo do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), foi formalmente acusado nesta terça-feira (19) pelo Ministério Público pelo assassinato do empresário Fábio Alves Escobar Cavalcante, ocorrido em 2021. O crime desencadeou uma série de execuções, totalizando sete vítimas, incluindo uma mulher grávida de sete meses, todas destinadas a ocultar evidências do homicídio. Doze policiais militares goianos são implicados nos delitos.
Segundo as investigações do Ministério Público de Goiás, o desenrolar do plano que culminou nos assassinatos em série está relacionado às denúncias feitas por Fábio Escobar contra Carlos César Savastano de Toledo, conhecido como Cacai, ex-integrante do governo goiano durante a gestão de Ronaldo Caiado. Cacai, alvo de um mandado de prisão em relação à morte de Escobar, está foragido desde novembro, quando houve uma operação para prender suspeitos envolvidos no homicídio. Ele foi formalmente denunciado pelo crime em dezembro, tendo a denúncia sido acatada pelo Judiciário.
Cacai, anteriormente presidente do partido Democratas (atual União Brasil) em Anápolis, cidade situada a 55km de Goiânia, e ex-diretor administrativo da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego), foi detido em 2020 sob suspeita de fraudes em licitações na estatal, perdendo seu cargo em consequência. Escobar, por sua vez, colaborou com Cacai na campanha que levou Ronaldo Caiado ao senado em 2018. No entanto, após divergências, tornaram-se adversários, com Escobar também criticando publicamente a gestão de Caiado e Cacai, inclusive por meio das redes sociais.
O Ministério Público denunciou Cacai como mentor do assassinato de Escobar, enquanto os policiais militares são acusados tanto pela execução do empresário quanto das outras sete vítimas, cujos homicídios visavam encobrir o assassinato de Escobar. Nesta terça-feira, Jorge Caiado, assessor na Assembleia Legislativa de Goiás, foi incluído entre os denunciados pelo MP, sob a acusação de ter incentivado e prestado auxílio na execução do plano que resultou na morte de Escobar.
O relatório final do Ministério Público também revela uma troca de mensagens entre Escobar e o governador Ronaldo Caiado por meio de WhatsApp. No diálogo, o empresário expressou ao governador sua intenção de remover as denúncias contra Cacai de suas redes sociais, citando temores pela segurança dele e de sua família.
Escobar, antes de ser morto em uma emboscada em junho de 2021, manifestou publicamente sua frustração por não ter sido recebido pessoalmente por Caiado para discutir suas denúncias. O empresário tinha 38 anos quando foi assassinado.
Jorge Caiado, de acordo com o Ministério Público, teria usado sua influência na Secretaria de Segurança de Goiás para auxiliar no planejamento do homicídio de Escobar. Os promotores destacam que, sem a habilidade e influência de Jorge Caiado junto às autoridades policiais, Cacai não teria conseguido concretizar seus intentos criminosos.
Em relação aos policiais militares envolvidos, os promotores destacam movimentações bancárias incompatíveis com seus rendimentos. Marcos Jesus Rodrigues, por exemplo, movimentou cerca de R$ 6 milhões em quatro anos, enquanto Almir Tomás de Aquino Moura movimentou R$ 5,8 milhões. Essas informações constam no relatório final do MP que resultou nas denúncias à Justiça.