Militar do exército e membros de banda são presos em operação contra neonazismo

Uma operação contra um grupo neonazista foi deflagrada nesta segunda-feira (21) em cinco estados brasileiros, resultando na prisão de cinco pessoas, incluindo um militar do Exército e um suspeito de assassinato. O grupo é acusado de disseminar discursos de ódio, antissemitismo, apologia ao nazismo e planejar atos violentos. Skinheads que faziam parte de uma banda que se apresentava em eventos neonazistas também são investigados.

A “Operação Overlord” foi coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Os investigados residem em Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Paraná e Rio Grande do Sul.

Em abril, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) já havia iniciado uma investigação sobre o aumento de células neonazistas no estado de Santa Catarina, que culminou na entrega de um relatório à ONU, destacando o crescimento de grupos extremistas no Brasil nos últimos anos.

Entre os presos: assassinato e envolvimento militar

Além das prisões, a operação cumpriu oito mandados de busca e apreensão. Um dos detidos é suspeito de liderar o grupo e estaria envolvido no assassinato de um jovem punk em 2011. A rivalidade entre skinheads e punks é antiga, marcada por ódio a minorias, como LGBTQIAP+, alvo frequente de ataques dos skinheads.

Outro preso é um militar do Exército Brasileiro, conhecido por sua participação em encontros neonazistas. O MPSC alerta que o conhecimento avançado desse militar em táticas de combate aumenta o perigo de sua atuação dentro do grupo extremista.

Rituais neonazistas e símbolos de ódio

A investigação também revelou que o grupo mantinha uma banda que tocava em eventos neonazistas em diversas regiões do Brasil, onde bandeiras com suásticas eram exibidas e discursos de ódio atraiam cada vez mais seguidores. O grupo utilizava o “Sol Negro”, símbolo associado ao ocultismo nazista e à supremacia ariana, como emblema, com um fuzil AK-47 ao centro, indicando uma predisposição à violência.

Os novos membros do grupo passavam por rituais de “batismo”, fortalecendo laços internos e reforçando a adesão à ideologia extremista, de acordo com o MPSC.

Neonazismo em expansão no Brasil

A operação foi batizada de “Overlord”, em referência à ofensiva aliada na Segunda Guerra Mundial contra o nazismo. O relatório da CNDH, com base em pesquisas da antropóloga Adriana Dias, destacou o aumento de 270,6% nas células neonazistas no Brasil entre 2019 e 2021. Em 2022, mais de 530 núcleos extremistas estavam ativos no país, impulsionados pela propagação de discursos de ódio, sem a devida punição.

A pesquisa também revelou um aumento nos ataques em escolas, muitos perpetrados por indivíduos que exibiam simbologia neonazista, como o caso de um estudante que, em dezembro de 2022, matou quatro pessoas em escolas de Aracruz (ES), vestindo uma braçadeira com um símbolo nazista.

Esses dados são alarmantes e indicam um crescimento preocupante de movimentos extremistas no Brasil.