Uma adolescente de 16 anos perdeu sua identidade para se adaptar aos desejos de um homem de 38 anos. A relação começou quando ela tinha apenas 13 anos e gradualmente dominou sua vida: Mariana Muniz Pereira começou a negligenciar a escola, abandonou a terapia, o trabalho e a academia para estar com o suspeito. No documento da medida protetiva contra o “namorado”, solicitado pela família, a Justiça identificou “clara situação de violência psicológica, manipulação, isolamento e outros tipos de violências piores, possivelmente sexual”. Esses trechos foram usados como base para que, em audiência de custódia nesta segunda-feira (10 de junho), fosse decidido que o homem continuasse preso.
O caso ganhou repercussão após Mariana desaparecer no bairro Castelo, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, na última quinta-feira (6 de junho), sendo encontrada com o homem no sábado (8). Na decisão da medida protetiva, a Justiça considerou o relacionamento da adolescente uma situação de violência doméstica e familiar, urgente para o afastamento dos dois. Segundo o documento, o homem exercia controle sobre a jovem, afastando-a do convívio com os pais e familiares, além de controlar seus gastos financeiros. Um relato da mãe de Mariana expressa o desespero da família: “Ele fez uma lavagem cerebral nela”, denunciou.
“Ela bloqueou toda a família. Está faltando muito às aulas, parou de fazer tudo”, reclamou a mãe às autoridades, destacando a mudança de comportamento da filha. A mãe confessou que, ao descobrir a relação após cinco meses em segredo, aceitou o “namoro”, mesmo a menina tendo 13 anos e ele 36, na esperança de manter a filha por perto. “Queria saber o que ela estava fazendo”, lamentou. Contudo, os abusos tornaram-se mais graves com o tempo.
Adolescente Fazia Transferências Financeiras ao Homem
Conforme os argumentos aprovados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para a concessão da medida protetiva, o homem influenciava a adolescente até mesmo nos seus gastos financeiros. “[A menina] passou a ter gastos exagerados no cartão de crédito, fazendo diversas transferências para o namorado, esvaziando totalmente sua conta poupança, o que a fez pedir dinheiro a terceiros”, diz o documento.
Isolada de tudo exceto do homem, característica de uma relação abusiva, a adolescente chegou a passar 20 dias com o agressor sem dar satisfação à família. “Ela começou a ficar agressiva e a evitar contato com os pais, até mesmo por telefone”, descreveu a decisão da Vara Especializada em Crimes Contra Criança e Adolescente da Comarca de Belo Horizonte.
Homem Proibido de se Aproximar da Adolescente
O MPMG definiu a situação como “gravíssima”. “Havendo perigo para a integridade sexual da ofendida, caso nenhuma providência seja adotada”, afirmou o órgão. O homem foi então proibido de se aproximar a menos de 300 metros da adolescente, além de não poder contatá-la ou seus familiares e amigos por qualquer meio de comunicação – internet, redes sociais, telefone, carta, etc.
A medida foi descumprida quando a Polícia Civil descobriu que ele estava com a menina após seu desaparecimento no bairro Castelo na última quinta-feira (6 de junho).
A prisão do homem até o momento é por descumprir a medida protetiva. A adolescente foi ouvida pela Polícia Civil, na presença de seu representante legal, e entregue à família. O inquérito segue em sigilo, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Alta Incidência de Desaparecimentos de Meninas Adolescentes em Minas Gerais
Meninas de 12 a 17 anos são as que mais desaparecem em Minas Gerais, com 6.738 registros nos últimos cinco anos. Esse número não só lidera o ranking em comparação aos meninos da mesma faixa etária, mas também em relação ao total de desaparecimentos no Estado. Entre as motivações dos desaparecimentos estão violência doméstica e conflitos familiares.