Fogo avança e queima 700 hectares do Parque Nacional de Brasília

O incêndio que atinge o Parque Nacional de Brasília continua avançando nesta segunda-feira (16), com três focos ativos, já tendo consumido 700 hectares de área de proteção ambiental, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A Polícia Federal investiga as causas do fogo, que provocou uma densa coluna de fumaça visível em várias partes da capital.

Com 146 dias sem chuvas no Distrito Federal, o clima seco e quente dificulta o combate às chamas e favorece sua propagação. Segundo João Morita, coordenador de Manejo Integrado do Fogo do ICMBio, 93 combatentes, incluindo equipes do ICMBio, Corpo de Bombeiros e PrevFogo, estão mobilizados para controlar o incêndio, com o apoio de um avião e um helicóptero.

Morita explicou que o fogo permanece na mesma região desde domingo (15), mas ainda não foi controlado. “Estamos trabalhando para controlar hoje. Se não conseguirmos, continuaremos amanhã [terça-feira]”, afirmou. O incêndio teve início por volta das 11h30 de domingo e as equipes suspenderam o combate às 22h, retomando os trabalhos às 6h desta segunda-feira.

A fumaça intensa e a baixa qualidade do ar nas proximidades do parque levaram à suspensão das aulas em escolas e na Universidade de Brasília (UnB). A cidade amanheceu com forte cheiro de fumaça e baixa visibilidade, principalmente na região norte do Plano Piloto. As autoridades recalcularam a área afetada, inicialmente estimada em 1.200 hectares. Para efeito de comparação, a maior queimada no parque, em 2010, destruiu 15 mil hectares dos 42,3 mil totais.

Três agentes da Polícia Federal estiveram no local nesta manhã para investigar as possíveis causas do incêndio, que é suspeito de ser criminoso, já que não houve registro de raios nos últimos dias. “Alguém, de forma proposital, iniciou o fogo”, afirmou Morita.

Impactos na Fauna e Flora

Embora não tenha sido relatada a morte de animais, o incêndio causou danos significativos às matas de galeria que protegem os cursos d’água. Morita destacou que o fogo não está restrito ao cerrado aberto e chegou à região do córrego do Bananal, próximo à captação de água da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb).

Qualidade do Ar

Devido à grande quantidade de fumaça, a Universidade de Brasília e escolas próximas ao parque decidiram suspender as aulas presenciais. As medições da qualidade do ar no Distrito Federal são realizadas por torres antigas, que fornecem dados apenas a cada seis dias, dificultando uma avaliação precisa e em tempo real. O governo do DF autorizou a compra de novos equipamentos para melhorar o monitoramento da qualidade do ar.

A capital federal amanheceu coberta de fumaça nesta segunda-feira, mas os ventos durante o dia ajudaram a dispersar parte da poluição, trazendo alguma melhora na qualidade do ar, segundo Rôney Nemer, presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram).