Os jovens da Geração Z, nascidos entre 1995 e 2010, têm uma preferência marcante por gastar seu dinheiro em experiências momentâneas, em vez de guardá-lo para o futuro. Esta tendência foi destacada em um estudo conduzido pelo Bank of America Corp., dos Estados Unidos, refletindo as preocupações e ponderações desse grupo em relação à qualidade de vida.
No Brasil, também há pesquisas em andamento para compreender o comportamento financeiro dos jovens. O Banco Central (BC) e o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) se uniram recentemente para investigar os hábitos de investimento e o conhecimento financeiro de pessoas com até 34 anos.
Essas pesquisas revelaram que cerca de 64% dos jovens entre 16 e 24 anos e 61,9% daqueles entre 25 e 34 anos afirmam que sua renda não é suficiente para cobrir todas as despesas. Além disso, aproximadamente 56% dos membros da Geração Z consultados admitiram não ter recursos adequados para lidar com emergências, seja por meio de investimentos de renda fixa ou poupança.
Essa geração é também a mais propensa a se arrepender de não investir, apesar de ser a que estabelece mais metas financeiras de longo prazo no Brasil.
Esse panorama nacional se assemelha ao observado nos Estados Unidos, de acordo com um relatório do Bank of America (BofA), que indica que a Geração Z norte-americana enfrenta dificuldades significativas para poupar dinheiro.
Entretanto, apesar das dificuldades em economizar, os jovens da Geração Z têm desempenhado um papel importante no mercado e na economia, ao contrário das gerações anteriores, que priorizavam a acumulação de capital. Esses estudos mostram que essa faixa etária é conhecida por utilizar mais o cartão de crédito e gastar mais em transporte, alimentação e lazer.
Mercado de trabalho, investimentos e desafios financeiros
Diversos estudos têm delineado o perfil dos jovens da Geração Z em relação ao comportamento financeiro. No mercado de trabalho, eles buscam não apenas uma remuneração justa, mas também pertencimento, propósito e flexibilidade, conforme revelado em uma pesquisa do InfoMoney.
Por outro lado, um relatório da empresa de consultoria empresarial Deloitte, divulgado pela revista Forbes Brasil, estima que 74% da Geração Z busca não só salários mais altos, mas também aprendizado de novas habilidades e desenvolvimento profissional.
Embora a economia seja um desafio, o número de brasileiros que investem desde cedo tem crescido. De acordo com a Bolsa de Valores do Brasil (B3), em 2013, 4% dos investidores tinham até 24 anos; dez anos depois, esse número aumentou para 21%. Além disso, 80% preferem fazer seus próprios investimentos, pesquisando os melhores ativos sem consultoria.
Apesar do aumento da participação da Geração Z na Bolsa de Valores, eles ainda preferem produtos de renda fixa. Uma pesquisa realizada pela Z-Invest, uma consultoria de educação financeira voltada para a Geração Z, revelou que cerca de metade dos jovens entre 16 e 25 anos investem em retornos previsíveis, enquanto 39% optam por ações.
Rafael Válio, fundador da Z-Invest, observa que a preferência pela renda fixa está relacionada aos altos juros oferecidos atualmente. Ele também destaca o interesse crescente em ações globais e criptomoedas como indicadores de um desejo de diversificação. Válio enfatiza a importância de abordar investimentos com leveza para incentivar a Geração Z a poupar e investir.
Criar uma reserva financeira é um desafio essencial
Os especialistas financeiros enfatizam a importância de criar uma reserva de emergência, mesmo em um cenário econômico desafiador. Recomenda-se que essa reserva seja suficiente para cobrir pelo menos três meses de despesas básicas.
A Associação Brasileira do Planejamento Financeiro (Planejar) destaca a importância de calcular o custo mensal das despesas fixas e variáveis e multiplicá-lo pelo número de meses que a reserva deve cobrir. Em seguida, é necessário buscar alternativas de economia.
Além disso, recomenda-se aplicar a quantia economizada em produtos de fácil acesso e resgate, dada a natureza emergencial desses fundos. O letramento financeiro é essencial para tomar decisões assertivas, exigindo acesso à informação, comparação de produtos e busca por orientação especializada para escolher os melhores investimentos.