Esquema do PCC com cartéis mexicanos foi descoberto após compra de mansão em MG

Uma mansão de R$ 2,5 milhões em Uberlândia, Minas Gerais, foi o ponto de partida para a Polícia Federal (PF) desmantelar um esquema de lavagem de dinheiro relacionado ao tráfico de drogas. A operação “Terra Fértil”, realizada no último dia 2 de julho, revelou um esquema que movimentou R$ 5,4 bilhões em Minas Gerais e outros seis estados.

O Imóvel e o Esquema

O imóvel foi comprado por laranjas de Ronald Roland, um traficante do Primeiro Comando da Capital (PCC) conhecido internacionalmente por enviar grandes quantidades de cocaína para a América do Sul e Central, utilizando aeronaves. Roland também tinha conexões com os cartéis mexicanos de Sinaloa e Los Zetas.

Investigações e Descobertas

Roland já era conhecido das autoridades, mas esta foi a primeira vez que sua rede de lavagem de dinheiro foi atingida. Após sua mudança para o condomínio em Uberlândia, a PF começou a investigar o imóvel, descobrindo que ele estava registrado em nome da empresa Kaupan Exportação e Importação de Alimentícios.

Com a ajuda do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a PF mapeou dezenas de empresas envolvidas em transações suspeitas. A Kaupan, por exemplo, recebeu R$ 1,6 milhão em depósitos em espécie entre maio de 2019 e janeiro de 2022. No total, foram identificados 48 CNPJs em nome de laranjas, movimentando R$ 5,4 bilhões em cinco anos.

Outras Empresas Envolvidas

Entre as empresas investigadas, a LS Comércio se destacou. Ela estava em nome de Leonardo Santos, preso pela Interpol em Abu Dhabi, apontado como líder do PCC em Portugal e responsável pela logística de transporte de drogas para a Europa.

Conexões Criminosas

A análise das movimentações financeiras revelou a ligação de Roland com outros criminosos do PCC, incluindo ladrões de banco. Em um caso, três homens tentaram depositar dinheiro em espécie em uma agência bancária de São Paulo, utilizando um saco de lixo. Ao serem questionados sobre a origem do dinheiro, fugiram, mas foram monitorados pela PF.

Poder Financeiro do Grupo

A PF identificou mais de 90 automóveis, 11 aeronaves e dezenas de imóveis registrados em nome das empresas e pessoas investigadas, evidenciando o poder financeiro do grupo criminoso.

A operação “Terra Fértil” expôs uma vasta rede de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, conectando dezenas de criminosos e movimentando valores impressionantes, refletindo a complexidade e a dimensão do esquema liderado por Roland e seus associados.