Com polêmicas acumuladas, a operação Lava Jato, que desvendou um esquema de lavagem de dinheiro movimentando bilhões de reais em propinas na Petrobras, continua a dividir opiniões entre seus defensores e críticos. Enquanto alguns a enxergam como uma verdadeira desarticulação de crimes de colarinho branco, outros apontam para a parcialidade nas decisões, com motivações políticas. No entanto, é inegável que ao longo do tempo houve uma mudança na percepção social sobre o assunto.
A primeira fase da operação foi iniciada há uma década, em 17 de março de 2014. Com o passar dos anos, as críticas voltadas ao trabalho da força-tarefa da Lava Jato no Paraná tornaram-se mais intensas, especialmente quando membros da equipe ingressaram na esfera política. Este é o caso, por exemplo, do atual senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), que atuou como juiz na operação no âmbito da Justiça do Paraná, e do ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo-PR), que foi procurador da República. Ambos tiveram sua imparcialidade questionada ao se associarem ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), após uma série de ações que visaram o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 2018, a candidatura presidencial de Lula foi vetada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No entanto, as alas políticas acusam uma manobra articulada com a equipe da Lava Jato para garantir a vitória de Bolsonaro.
Moro, responsável pela condenação de Lula no caso do triplex, posteriormente renunciou ao cargo de juiz e foi nomeado ministro de Estado no governo Bolsonaro. Deltan, por sua vez, candidatou-se à Câmara dos Deputados, declarou seu voto e apoio explícito ao ex-presidente antes de ter seu mandato cassado. “A Lava Jato se entrelaçou com a política em diferentes momentos e em diferentes níveis. Por exemplo, ao retirar da corrida eleitoral um candidato que liderava as pesquisas com base em um processo que mais tarde foi considerado comprometido juridicamente devido à suspeição do juiz, conforme decidiu a Suprema Corte. É evidente que houve uma interferência direta nos rumos políticos do Brasil. Se Lula tivesse concorrido à eleição em 2018, talvez não teríamos Bolsonaro eleito”, analisou o professor de Estudos Brasileiros da Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos, Fabio de Sa e Silva.