O Brasil enfrenta uma média alarmante de sete desastres climáticos a cada 24 horas, segundo dados do Instituto Talanoa publicados no ‘Monitor de Desastres’. Entre janeiro de 2019 e esta quarta-feira (11/6), foram registradas 15.371 ocorrências de emergência em todo o país, afetando 65% dos municípios brasileiros.
Os dados foram coletados a partir dos decretos de situação de emergência publicados no Diário Oficial da União, abrangendo episódios de seca, estiagem, tempestades, incêndios florestais e inundações. Dos 5.570 municípios brasileiros, 3.625 foram impactados por eventos climáticos adversos no período.
Estados Mais Afetados
O Rio Grande do Sul lidera o ranking, com 3.304 registros, especialmente após as enchentes desde abril que resultaram em 175 mortes. Minas Gerais aparece em segundo lugar com 2.360 casos. Itacarambi e Almenara, ambas em Minas, foram as cidades com mais registros de desastres climáticos severos no Brasil entre 2019 e junho deste ano. Minas Gerais domina a lista das 20 cidades mais afetadas por escassez hídrica e tempestades.
Agravamento dos Desastres
Gustavo Pinheiro, especialista em avaliação de ativos ambientais e sócio-fundador da consultoria Triê, destaca que a frequência e a intensidade dos desastres aumentaram. “O Brasil já não era resiliente antes das mudanças climáticas. Sempre sofremos com deslizamentos, inundações e seca. Agora, a recorrência dos desastres é mais curta e a intensidade maior”, afirmou.
Vulnerabilidade Social
Pinheiro enfatiza a necessidade de investimentos para reduzir a vulnerabilidade das famílias. Ele sugere a remoção de pessoas de áreas de risco, como encostas e margens de rios. “O Brasil tem falhado no planejamento urbano. Esses desastres não são mais evitáveis, mas podemos impedir a expansão desordenada em áreas de risco”, acrescentou.
A pesquisa revela que capitais e grandes municípios estão entre os menos afetados, enquanto pequenas cidades com pouca capacidade de resposta lideram a lista. Itacarambi, por exemplo, tem 17 mil habitantes e registra baixos índices de emprego e renda, exemplificando a ligação entre vulnerabilidade social e climática.
Plano Clima
O Plano Clima, criado em 2009, está sendo atualizado pelo governo federal para enfrentar as mudanças climáticas. O novo modelo, segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, vai definir ações para reduzir emissões de gases de efeito estufa e se adaptar aos impactos climáticos até 2035, com revisões a cada quatro anos. O plano incluirá pelo menos 15 planos setoriais de adaptação e sete de mitigação, elaborados pelos ministérios em cooperação com o MMA.