Uma das 62 vítimas do trágico acidente aéreo ocorrido em Vinhedo, São Paulo, foi a advogada Laiana Vasatta, de 34 anos. Laiana era sócia do escritório Demski & Vasatta, localizado em Cascavel, Paraná, onde se especializava na defesa dos direitos trabalhistas e do consumidor, com ênfase em ações contra companhias aéreas.
Além de seu trabalho no campo jurídico, Laiana utilizava suas redes sociais para orientar seus seguidores sobre os direitos dos passageiros em situações como overbooking, atrasos de voos, conexões perdidas e extravio de bagagens. Ela também compartilhava conteúdos relacionados a uma marca de roupas da qual era sócia. Ambas as empresas publicaram mensagens de luto nas redes sociais após o acidente.
Laiana era filha de Jaime Vasatta, pré-candidato a vereador em Cascavel pelo PSD, e estava noiva do empresário Fábio Bigolin. Fábio havia planejado voar no mesmo voo, mas decidiu antecipar sua viagem a São Paulo, onde o casal participaria de um casamento no final de semana. O cunhado de Laiana, Rodrigo Bigolin, também estava programado para embarcar no voo, mas não chegou a tempo.
O acidente
A aeronave da Voepass decolou do Aeroporto de Cascavel (PR) às 11h50 com destino ao Aeroporto de Guarulhos (SP), transportando 58 passageiros e quatro tripulantes. A chegada ao destino estava prevista para as 13h40, mas, por volta das 13h21, a aeronave perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), foi nesse momento que o avião perdeu contato com o Controle de Aproximação de São Paulo.
O avião caiu em uma área residencial do condomínio Recanto Florido, no bairro Capela, em Vinhedo. Vários moradores registraram em vídeo o momento em que a aeronave rodopiava no ar antes do impacto e da explosão.
A Voepass afirmou que ainda não é possível determinar a causa do acidente. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão vinculado à FAB, iniciou uma investigação para apurar as causas do incidente, com o apoio da Polícia Federal. Os gravadores de voz da cabine e os dados da caixa preta já estão em posse dos investigadores e serão analisados em Brasília. No entanto, não há prazo definido para a conclusão das investigações.
De acordo com o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, as informações sobre o ocorrido ainda são preliminares, e poucas conclusões podem ser tiradas neste momento. Uma das poucas certezas é que, durante o voo, não houve comunicação da tripulação indicando uma situação de emergência.
Condições da aeronave
Segundo Luís Ricardo, diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave estava regularizada junto ao órgão e em conformidade com as normas de aeronavegabilidade. Construída em 2010, a aeronave foi comprada pela Voepass em 2022 e estava de acordo com a regulamentação.
“Ela cumpre qualquer requisito de desempenho como de emergência também. […] Essa aeronave, como qualquer outra aeronave certificada, atende aos mesmos requisitos e cumpre os mínimos de segurança do que qualquer outra aeronave dessa categoria no mundo”, afirmou o Coronel Baldin, chefe da Divisão de Investigação do Cenipa.
Hipótese de acúmulo de gelo
Durante a tarde de sexta-feira, especialistas sugeriram que o acidente poderia ter sido causado pelo acúmulo de gelo na superfície da aeronave, possivelmente levando ao desligamento dos motores. No entanto, o Cenipa ressaltou que ainda é cedo para confirmar essa hipótese.
“Essa aeronave é certificada para voar nessas condições. Ela tem sistemas de proteção para evitar a formação de gelo na superfície. Mas também, caso haja essa formação de gelo, ela tem dispositivos para eliminá-lo. Em vários países, é certificada para voar em condições severas de gelo”, explicou o Coronel Baldin.