Itabira Mais
Portal Mineiro de Notícias

A tradicional Linguagem de Camaco caminha para se tornar patrimônio cultural imaterial de Itabira

Prefeitura avança no processo de registro da linguagem como bem imaterial e dossiê para o Iepha será concluído até dezembro deste ano

A Linguagem de Camaco – língua do macaco – está prestes a se tornar patrimônio histórico e cultural imaterial de Itabira. Com a roda de conversa promovia pela Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural (DPHC) da Prefeitura, no Museu de Itabira, mais uma etapa do dossiê que será enviado para o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) de Minas Gerais foi concluída.

O encontro foi conduzido pela historiadora e mestranda pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mariana Brescia Cruz, e contou com a participação do pesquisador Geuderson Traspadini; Nandy Xavier, músico; Roberto Quintão, aposentado; e com a equipe da DPHC, Sara Oliveira e Elyza Mendes.

“A Linguagem de Camaco faz parte da minha vida desde sempre. Ela está junto com a alma itabirana”, relatou o aposentado Roberto Quintão, que defende o movimento de preservação da linguagem do macaco. “Usávamos essa linguagem em ambiente familiar e com amigos. Os lugares onde estudei, Viçosa, São Paulo e Belo Horizonte, a gente levava essa tradição. Os itabiranos se identificavam e quando tinha um assunto de interesse apenas do grupo, era usada a Linguagem de Camaco para deixar as outras pessoas sem saber o que estava sendo falado”, lembrou.

Para o processo de reconhecimento da Linguagem de Camaco como patrimônio cultural da cidade, é necessário depoimento como esse, do Roberto Quintão. Por isso, a Prefeitura investiu em pesquisas e consultoria especializada. “É preciso levantar documentação, fotos, registros e uma série de fontes para a gente entender como esse bem se relaciona com a história do município. Para mim, a Linguagem do Camaco tem sido uma experiência muito interessante, porque conseguimos fontes e documentos que comprovam que ela é centenária”, explicou Mariana Brescia. 

A historiadora destacou ainda que a Linguagem de Camaco surgiu na década de 1920 e ganhou força de geração em geração, sendo disseminada, também, nas décadas seguintes. “Poder ouvir e colher relato de pessoas que usam e falam essa língua, mostra que ela é muito especial e faz parte da história de Itabira. Por isso, precisa ser registrada como patrimônio para que continue sendo difundida e preservada como um bem muito importante da história de itabirana”, avaliou Marina Brescia.

Já o pesquisador Geuderson Traspadini, que vive em Itabira há 13 anos, estuda a Linguagem de Camaco desde 2018 e busca seu reconhecimento como patrimônio para fortalecer a cultura local. “Eu a defendo porque ela é um misto de gíria com uma linguagem específica, de um trabalho, com um jargão. A Linguagem de Camaco é uma riqueza que faz parte da identidade itabirana, precisa ser preservada e disseminada”.

Roda de conversa

Esta ação da Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural (DPHC) da Prefeitura de Itabira foi mais uma etapa do levantamento da história e importância da Linguagem de Camaco no município. “Fizemos esse levantamento em formato de roda de conversa, com o auxílio do Museu de Itabira, para propor uma troca de saberes entre alguns itabiranos que carregam essa tradição, relatando sobre origem, motivações da linguagem e até mesmo música em camaco”, ressaltou a diretora Elyza Mendes.

O próximo passo, segundo Elyza Mendes, é finalizar o dossiê com todos os documentos, depoimentos e dados colhidos, comprovando a origem itabirana da Linguagem de Camaco, para enviar ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) de Minas Gerais, órgão responsável pelo reconhecimento do patrimônio histórico e cultural, material e imaterial, do estado.

Receba atualizações em tempo real diretamente no seu dispositivo, assine agora.

Os comentários estão fechados, mas trackbacks E pingbacks estão abertos.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceito Mais informação