Itabira Mais
Portal Mineiro de Notícias

PRF acusado de assédio por mulheres perde processo movido contra uma delas

Após a Polícia Rodoviária Federal (PRF) decidir anular e reabrir o procedimento interno que, em 2023, havia inocentado um inspetor de Minas Gerais acusado de assédio sexual e moral por seis mulheres, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) condenou o policial por “litigância de má-fé”. O tribunal entendeu que o policial agiu por “vingança” ao processar algumas de suas denunciantes.

O inspetor havia entrado com ações de indenização por danos morais contra quatro das seis mulheres que o acusaram, solicitando valores que somavam até R$ 500 mil, alegando que a investigação da corregedoria causou “dano ao seu casamento”.

Na decisão proferida na última quinta-feira (1º de agosto), a juíza Gislene Rodrigues Mansur determinou que o policial pague os custos processuais, incluindo 10% do valor da indenização pedida, que era de R$ 56 mil, além de uma multa de 5%, totalizando aproximadamente R$ 8,5 mil. A juíza destacou que a ação tinha claros intentos de “vingança” e de “constranger” as denunciantes, usando o processo para “objetivo escuso”.

O advogado Lincoln da Silva Amaral, que representa uma das mulheres processadas pelo policial, afirmou que o inspetor ainda pode recorrer da decisão. Ele ressaltou que sua cliente ficou aliviada com a decisão, pois estava muito apreensiva ao ser processada por cumprir seu dever legal de prestar depoimento.

Caso a Justiça adote o mesmo entendimento em outras ações movidas pelo policial contra as demais denunciantes, ele poderá ser condenado a pagar mais de R$ 100 mil, já que em uma das ações ele solicitou R$ 500 mil de indenização.

O advogado também enfatizou a importância da decisão para encorajar outras vítimas de assédio sexual ou moral a denunciarem seus agressores, sem medo de retaliação.

A defesa do inspetor da PRF ainda não se manifestou sobre a decisão.

Relembre o Caso

A decisão de reabrir o procedimento interno contra o inspetor foi motivada pela “impunidade” percebida após sua inocentação inicial, além do fato de ele estar usando o processo para processar algumas de suas vítimas na Justiça comum. Esse cenário levou a uma Carta Aberta de mulheres da PRF, cobrando mudanças nas políticas de combate ao assédio na corporação.

Após reportagens do jornal O Tempo, uma audiência pública foi realizada no Congresso Nacional, onde as vítimas compartilharam seus relatos. A Corregedoria da PRF decidiu anular o processo que havia inocentado o inspetor, com base nas denúncias apresentadas durante a audiência.

As acusações contra o inspetor incluem toques inapropriados e comentários constrangedores dirigidos a várias colegas de trabalho. Em um dos casos, uma adolescente de 16 anos, que fazia estágio na PRF, relatou ter sido assediada pelo policial, que insistia em oferecer caronas e agia de forma que a deixava apreensiva.

Além dos casos de assédio sexual, uma funcionária relatou à Corregedoria ter sofrido assédio moral e perseguição, levando ao seu afastamento do trabalho por problemas psicológicos. Outros funcionários também mencionaram o comportamento rude e grosseiro do policial, o que causou desconforto no ambiente de trabalho.

Receba atualizações em tempo real diretamente no seu dispositivo, assine agora.

Os comentários estão fechados, mas trackbacks E pingbacks estão abertos.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceito Mais informação