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Em foto, suspeito de chacina em MG segura vítima no colo; traficantes foram investigados em grande esquema MG-RJ

Dois dos suspeitos da chacina que resultou na morte de duas crianças e um adulto durante uma festa infantil em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, na última quinta-feira (23 de maio), já haviam sido investigados por ligação com um grande esquema de tráfico de cocaína nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. “Berola” e “Alemão”, como são conhecidos, foram denunciados pela mãe do menino Heitor Felipe, de 9 anos, uma das vítimas do ataque. Tanto os suspeitos quanto o pai da criança, Felipe Júnior Moreira Lima, de 26 anos, que também foi assassinado, estariam envolvidos no tráfico em Morro Alto, em Vespasiano, até que uma desavença criou a inimizade entre eles. Uma fonte ligada à investigação forneceu detalhes sobre o modo de operação dos criminosos.

De acordo com o informante, “Berola”, “Alemão” e outros indivíduos investigados pela chacina são amplamente conhecidos no meio policial. Os criminosos foram denunciados em postagens feitas pela mãe de Heitor, indignada com o crime. “Não vou poupar ninguém de nada. Vocês não pouparam a vida do meu filho e nem da minha sobrinha. Me destruir vocês já conseguiram”, escreveu. Em outra publicação, ela mostrou um dos suspeitos carregando seu filho no colo, acompanhando o registro com a música “Judas”, de MC Romeu. A letra da música diz: “Judas… / Era aquele irmão que ele adorava / E guardava no seu coração”.

Segundo o agente envolvido na investigação, Felipe, uma das vítimas da chacina, era próximo dos assassinos. Ele e um familiar dominavam o tráfico em uma região de Morro Alto conhecida como “Caixa d’água”, comprando diretamente de “Berola” e “Alemão”. No entanto, essa situação mudou quando Felipe parou de comprar drogas deles e passou a adquirir de outro fornecedor, mantendo a venda na região. “Alemão” e “Berola” não aceitaram essa mudança, mas Felipe os confrontou. As intrigas foram se intensificando e o familiar de Felipe Júnior também teria sofrido uma tentativa de homicídio, conforme relatou o informante. “Existe esse inquérito. [Os suspeitos] também foram na casa deles, deram tiros no portão. Até que aconteceu o que aconteceu”, continuou. O familiar da vítima não estava na festa onde ocorreu a chacina e continua na mira dos investigados. “Só não morreu porque não estava lá. Se ele não ‘firmar’, pode ser o próximo a morrer”, disse.

Relação com grande esquema criminoso do PCC e influência na comunidade

Conforme a fonte ligada à investigação do crime, “Berola” e “Alemão” foram investigados recentemente por ligação com um grande esquema criminoso de tráfico de cocaína em diversos bairros de Belo Horizonte, região metropolitana, e no Rio de Janeiro. A apuração, realizada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), encontrou uma ligação dos homens com os criminosos da operação “Saxa-Montis” – na qual traficantes mineiros compravam cocaína de representantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), trocando veículos e dinheiro.

A quadrilha armazenava grande quantidade de pasta base de cocaína, enterrando as cargas em um sítio localizado em Jaboticatubas/MG, dentro de bombonas. Ao menos 1.250 quilos da droga foram apreendidos. “Eles [“Berola” e “Alemão”] também foram investigados. Inclusive, foi cumprido um mandado de busca e apreensão, e apreenderam o carro deles, devido à ligação com um dos criminosos da Operação Saxa-Montis”, afirmou a fonte. O agente acrescentou que os suspeitos são proprietários de uma quadra de esportes em Morro Alto e têm grande influência na comunidade. De acordo com a Polícia Civil, um dos homens envolvidos na chacina, de 23 anos, foi preso em flagrante por triplo homicídio qualificado. “A investigação encontra-se em andamento a fim de identificar e localizar demais suspeitos”, afirmou a instituição.

Ameaça de morte

Os relatos do agente condizem com a versão que a mãe de Heitor compartilhou em suas redes sociais. Em uma das postagens, a mulher desabafa sobre a situação com o ex-companheiro: “Há um tempo, o pai dos meus filhos (Felipe) estava sendo ameaçado de morte, e eu e meus filhos já não morávamos mais no bairro Morro Alto. Desde o início das ameaças, eu evitava que meus filhos ficassem expostos na rua”, escreveu.

A mulher desabafou que, apesar da situação, não suspeitava que os traficantes agiriam em uma festa infantil. “Eu sabia das ameaças em relação ao Felipe, mas jamais imaginei que a crueldade do ser humano seria capaz de ultrapassar o respeito, a empatia e o amor em relação às crianças e pessoas que não tinham relação nenhuma com as ameaças”, lamentou.

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