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Matriz São José Operário, símbolo de João Monlevade pede socorro!
Construída pela Cia Siderúrgica Belgo-Mineira e inaugurada em 25 de setembro de 1948, a Matriz São José Operário foi uma das grandes obras que marcaram a história do Dr. Louis Jacques Ensch em João Monlevade, e que veio atender ao anseio da comunidade católica, que até aquela época não tinha um Templo para praticar a religião e as missas eram celebradas no pátio externo do Solar Monlevade.
E foi projetada pelo arquiteto Yaro Burian, sendo construída em forma de “V” que, segundo consta, foi uma homenagem à vitória dos aliados contra os nazistas durante a 2ª Guerra Mundial, que acabou precisamente em 1945, quando teve início a construção da Igreja. Portanto, a Igreja São José foi um marco e, no ano de 2000, através de um Plebiscito, foi eleita o Símbolo do município, quando concorreu inclusive com o Solar Monlevade.
Pois bem, mas passados 75 anos de sua inauguração, onde vários Párocos administraram a Paróquia – da qual também está integrada a Igreja Nossa Senhora de Fátima, no Bairro Vila Tanque -, cujo primeiro foi o Padre Almir e o mais popular foi o Cônego Higino de Freitas, poucas foram as obras e manutenção realizadas ao longo destas mais de sete décadas no interior e do lado externo da Matriz São José Operário. E, com o tempo, a umidade, a poluição vinda da Usina e as próprias reações da natureza, o imóvel foi passando por vários problemas de ordem estrutural, e o dinheiro que entra na Paróquia não é suficiente para as obras necessários e, digamos, urgentes.
E um deles, segundo afirmou o Padre Jefferson Cruz Veronês, , que assumiu a Paróquia São José em fevereiro de 2020, é a instalação elétrica, já que a fiação é a mesma desde a construção da Igreja e nunca passou por manutenção. Durante um encontro que tivemos com o Padre esta semana, na Casa Paroquial da Vila Tanque, ele afirmou que curtos já ocorreram na Sacristia por algumas vezes e “um incêndio é iminente e somente ainda não ocorreu graças a São José”, declarou. E, ainda conforme afirmou, infelizmente outros reparos também são necessários, como o forro da Matriz, o telhado, o piso da Nave, uma nova pintura e manutenção para evitar que as rachaduras aumentem na parte externa e interna da Igreja.
Verba liberada apenas minimiza os problemas
Recentemente a Câmara Municipal aprovou uma verba em torno de R$ 100 mil para obras de manutenção na parte de trás da Matriz São José, proveniente da Fundação Casa de Cultura, que apenas irá minimizar alguns problemas de infiltração que atinge as paredes externas e internas da Igreja. Os serviços foram terceirizados e já iniciados, e estão sendo construídas uma calçada e um canal nos fundos, além da troca das caixas de energia, que ainda são de madeira, e polimento de verniz nas portas que encontram-se em péssimo estado e algumas quebradas. No entanto, os recursos não serão suficientes para sanar problemas mais graves, segundo afirmou o Padre Jefferson.
“Durante a celebração da Missa semanas atrás, no momento que dava a Comunhão, uma lajota do teto quase caiu sobre minha cabeça. Portanto, é uma situação grave pela qual estamos enfrentando devido às condições da Matriz São José”, disse o Pároco. Isto sem contar a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, que faz parte do complexo e sempre foi um local considerado especial, onde dezenas de pessoas comparecem semanalmente para fazer suas orações e que também necessita urgentemente de manutenção. Grades estão quebradas, falta cesta para depósito de lixo, o mural está todo trincado e a bancada solta com risco de acidente, o barranco está caindo sobre o interior da Gruta, entre outros danos. Ou seja, há um descaso muito grande com o Símbolo de João Monlevade, tanto por parte do poder público quanto por parte da maior empresa da cidade, no caso a Arcelor/Mittal.
Diocese descobre que a Matriz e todo complexo ainda pertencem à Arcelor/Mittal
Agora, um fato nos chamou a atenção. De acordo com a Prefeitura Municipal, durante a administração passada foi conseguido que a Matriz São José Operário fosse tombada pelo Patrimônio Histórico, e o tombamento tem o reconhecido do IEPHA. Mas, de acordo com o Padre Jefferson Veronês, há controvérsias, porque, segundo ele, o IEPHA não reconhece o tombamento.
E mais interessante ainda: a Assistência Jurídica que presta um serviço voluntário à Paróquia descobriu que todo o Complexo da área localizada à rua Paraúna, 641, Centro Industrial, em João Monlevade, onde encontram-se a Matriz São José Operária, a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes e a Praça adjunta ainda são de propriedade da empresa Arcelor/Mittal, ou seja, desde que foi inaugurada, no ano de 1948, não foi doada à Diocese de Itabira/Coronel Fabriciano, segundo nos informou o Pároco Jefferson. Tudo foi desvendado após visitas a vários cartórios da região e a informação oficial foi conseguida no Cartório da cidade de Santa Bárbara, segundo informou o pessoal que presta a Assistência Jurídica.
Dessa forma, o Padre Jefferson Cruz Veronês, Administrador Paroquial, encaminhou um Ofício ao presidente da Arcellor/Mittal, Sr. Jefferson de Paula, no último dia 18 de abril passado, solicitando a formalização do reconhecimento da propriedade para a Diocese de Itabira/Coronel Fabriciano, doando todo o Complexo – ou seja, a Igreja, a Gruta e a Praça. No documento, solicitou ainda, que seja providenciado por parte da empresa uma reparação por danos materiais e ambientais ocorridos. Mas, passado mais de um mês, a direção da empresa ainda não havia se manifestado sobre o Ofício.
Esta é a real situação da Matriz São José Operário, Símbolo de João Monlevade e a 1 ª Igreja Católica construída para os fiéis, uma cidade que, infelizmente, tem como cultura um povo que não reconhece suas raízes e nem mantém suas tradições. E assim nós perdemos a Praça Ayres Quaresma (saudosa Praça do Cinema), o Cine São Geraldo, acabaram-se os Festivais da Canção, os Festivais de Inverno, a Feira da Paz e tantas outras coisas.
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